Prece
Peço que me olhe
E note o que escondo.
Não é o que falo,
Mas sim o que transpareço.
Peço que aprenda,
Só a me ler pelo olhar,
Pois você descobrirá
Como aqui dentro chove,
Como aqui dentro se move,
Como aqui dentro é pequeno pra tudo aquilo que quero doar.
Peço que me escute,
Pra você entender,
Que o meu pranto é mudo,
Apenas um ruído que arranha.
Desse jeito você sentirá,
Pois saberá a me ouvir.
Peço que enxergue a goteira
Que tenho pelas rachaduras do mundo,
A quem eu chamo de cicatrizes.
Dessa forma você saberá,
Que sofro e morro,
Estilhaço e grito,
Como um furacão,
Mar bravo,
O inconsciente consciente,
Aquilo que você vê e não nota.
Aquilo que você pega e não ama.
Aquilo que você pensa que tem, mas descuida.
Por isso te peço que veja,
Pois sou a saudade que nunca aprende a dizer adeus.