Série: 2 - Homenagens.

“SOIS TOUJOURS POÈTE, MEME EM PROSE”

Amélia Luz

Pseudônimo: AMELIÈ POULAN

Mal-me-quer

Bem-me-quer

Flores do mal

Em jarra de cristal

Sobre a velha cômoda

Perfumando sonhos espraiados.

Possessões e obsessões

Na agonia da dor

De um amor perdido

Lembrando a alcova

Da inocente mocidade

Em noite escura

De abismos misteriosos

E incompreensíveis separações.

Paraíso perdido

Na queda do homem mortal

Corruptível e fraco

O amor e a morte

O tempo e o eterno

O espírito e a matéria

O exílio e o tédio enovelados.

Os olhos de Zeus atentos

A observar o barqueiro Caronte

Transportando no Estige

As almas dos mortos banais

Sem nunca cansar os braços

Manejando remos sobre águas turvas.

Da agonia romântica

À floração poética madura

Vidas gerando vidas, morte à espeita,

Masmorras no limiar de tragédias tantas.

A “tabes dorsalis” a corroer o homem nas entranhas

No silêncio soluçante como o de um pária.

E não houve mais caminho de retorno

Só de caminhada adiante, sempre adiante.