A VELA

A VELA

Impera só naquele vazio: o silêncio,
a favor do temperamento,
e a brandura receita glórias que recolhem as mágoas.

Vê-se um pequeno candelabro,
e nele uma vela...
que expõe sua chama a brindar o uníssono coro de uma música sacra, cantada por ninguém.
Contra si, o escuro, que não se apaga ao ver sua chama,
mas se esconde por trás da porta,
meio que invisível, talvez assustado,
porque, por ora,
ficou renegado ao segundo plano.

Mas traiçoeiro que é (obscuro), esperançoso (talvez),
sabe que a vela um'hora vai apagar...
E o escuro - que comanda o silêncio,
e rege um coro sem voz, 
há de voltar.