O Inesperado

Luciana Carrero

O futuro é o passado

O relógio elocubra

Que faltam muitos para a maionese

Casualmente como o próprio acaso

Levam você nitidamente nua

Na parte de trás de um uber leve

Que não chamara no aplicativo

No fim dos números não há mais ruas

dessoa no silêncio o indelével

Para ouvidos que andam longe

A mente é um rasgo esparso

Um fim de trapo decadente

- Preocupante semibreve -

Já colcheias chegam para o banquete

Então essa é a quintessência

Que prometera o profeta?

Relaxa e goza, assim dói menos

Nesta hora é preciso ser sábio

Comer e comer é só começar

Ser a um tempo fome e alimento

Na corrente do esquecimento

Desacordada ninguém é nada

Não há pesos nem fardos

Ninguém acorda assustada

Depois disso, mais nadas

Em algum lugar há a finalidade

Num ostracismo insolúvel

E ninguém nem diz mais: Oh!

...Ou: Como o ser é absurdo

Numa "enjambração" difusa

Na promessa da eternidade!

Então deus era esta metáfora?

Pergunta o nada, mas outro nada responde

E tudo por sua vez nova se esconde

Aonde... aonde, meu deus, aonde?