Elegia à Amy.

Elegia à Amy.

Que fora essa voz negra, trágica

Com som de trombeta misturada

Ao som de espelho se partindo em cacos

Que nos impactou e nos tornou amantes

Em momentos de puro êxtase e até funerais?

E essas personas no palco, cansadas

Da própria arte e se entregando aos conflitos

Beirando à poesia, porém tristes, fitando o nada

Através desses olhos bêbados e ressacados?

E essa inquietude, cantando o próprio suor

E pensando no Puby mais próximo para

Abastecer-se de destilados, e becos escuros

Para uso de ervas, drogas pesadas que amparassem

Sua realidade nua e crua, aflita?

E esses sapatos altos nesses pés inquietos

E essas mãos ansiosas vagando descontroladas

Procurando equilíbrio, sem direção e desenhando

Formas geometricamente irreconhecíveis a olho nu?!

Tateando o corpo antes belo e por fim esguio

Puxando os cabelos, frustrada da sua própria antipatia?

E esse cabelo exuberante e excêntrico em redoma

Formando um ninho para suas ideias,

Suas caraminholas, desejos obscuros, dúvidas

Existenciais e pensamentos acelerados a procura

De um norte e uma fogueira que derretesse o gelo

De seu coração fatigado?!

Que foram essas súplicas vociferadas em berros

E pedidos de socorro?! Que foram?

E esse quebra cabeças de incontáveis peças?

Por que não se reabilitou?

Por que se quebrou tão lindo cristal?

Disse tão rouca que morreu centenas de vezes

Por que não lutou para renascer de novo?

Particularmente sinto falta desses cacos quebrados

E grunhidos ferozes ecoando alto e entregando a

Sua alma, indo e vindo, ricocheteando na minha parede.

Amy, eu sinto tanto, tanto, tantos a escutaram, mas...

Parece que ninguém ouviu as suas súplicas!

Tivessem tomado medidas drásticas.

Acorrentado você. Mas, não o fizeram.

Deixaram você ir, e a nós, resta apenas discos

Perguntas, hipóteses e palavras, que, sinceramente,

Acredito não preencherem vazio algum!

Héryton Machado Barbosa
Enviado por Héryton Machado Barbosa em 09/06/2017
Código do texto: T6022824
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