Cidade de Papel

A cidade é de papel.

Reflexões de febre

Rasga, queima, embrulha

O estômago atordoado de borboletas

E a paixão faísca a próxima dor

E a angústia da alma salta

Pelos dedos ansiosos no teclado

Você não curtiu minha última

Postagem nem viu minhas

Derradeiras células morrerem

E descerem pelo esgoto

O céu é cinza, e as nuvens azuis

Dançam freneticamente

Com as libélulas carnívoras

Famintas de novos sonhos

Que flutuam pelos prédios

Destruídos pela maresia

Os pés foram feitos para voar

E devorar estradas empoeiradas

Na sagrada e mística senda

Da visão infinita do terceiro olho

Com ciscos miúdos de celulose.