NO AMANHECER

Com o aconchego que lhe convém,
Parte o harmônico trem,
De Belo horizonte para Vitoria.

Leva no amanhecer,
Muitas memórias; historias,
Um jeito mineiro de ser,
Um jeito Guimarães rosa,
Sagarana, Veredas, prosa.

Um jeito Drummond de Andrade,
Poesia na identidade,
Uma mistura de anseios,
Olhares de enleio, em meio,
Às montanhas verdejantes.

Um jeito de ser viajante,
Errante além das divisas,
Enigmático como a brisa.

Um cismado jeitinho de quem,
Sussurra em outros canteiros,
Compartilha sonhos, porém,
Sem deixar de ser mineiro.
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SONHO E REALIDADE

Amanheço e anoiteço
com você no pensamento.
Que me importa outros talentos,
se a mim você me basta,
não porque eu seja casta:
apenas não se explica,
mas preenche, pontifica,
"é uma mistura de anseios",
que me olham de permeio,
enquanto viajo contigo,
nesse trem que me carrega,
e onde minh'alma se entrega
totalmente confiante,
indiferente ao perigo,
que me ronda inconstante. 

São coisas que eu invento,
produto do pensamento,
nada a ver com a realidade,
na verdade, na verdade,
é a alma do poeta,
que à outra se conecta,
e vai por aí divagando,
vagueando e sonhando.
HLuna