ADEUS AMIGO BELCHIOR

ADEUS AMIGO BELCHIOR

“O meu coração selvagem tem essa fome de viver”

Como uma pessoa que mal conhecemos pode marcar?

“Meu bem, meu coração é onde quer que você esteja”.

E entre um verso e outro ele o cantor que foi me falou...

As estradas ali em frente que ele descreve são minhas,

Em momentos complicados sempre uma radio a falar,

Na fala do cantor cearense acho consolo e até resposta...

Um encontro num café à beira mar na hora mais chata,

Eu sem carro, mas escondendo da chuva fina, fria e ele...

“E fico rico quando mais multiplico diminuiu o meu amor”

Um café perdido no meu litoral tão vasto e cheio... E ele...

No café que não era no “corcovado que abre os braços,”.

Eu choro a angustia de amar quem já me é incompatível,

“As paralelas da agua da rua são duas” assim como sou,

Sou duas linhas perdidas na palavra do poeta que fala...

Sou eu que choro pela dor ou pela emoção de estar ali?

“Como é perversa a juventude do meu coração que só...”.

Só se perde no amor utópico das linhas da intelectualidade.

Anos passaria, uma paixão pela voz e pelo intelecto vinha,

“Eu estou muito cansado do peso da minha cabeça...”.

O mundo é uma encruzilhada cheia de segundo e vivemos.

Ela com a voz com o sobrenome do cantor que me fala,

Na reunião familiar “um cara tão sentimental” perdido ali,

Ele me reconhece, o molhado no litoral, para mim surpresa,

Do isolamento ao papo de amigos que se encontra na rua...

Acompanhar de longe a carreira de quem me fala sempre,

Vê-lo sumir e perder o contato com a sobrinha que passou.

Hoje na mudança dos ventos de minha vida e na dor da alma,

“sem dinheiro no banco e sem parentes importantes” choro,

Choro pela dor, pela decepção e pela angustia de meu viver,

A notícia traz lagrimas que me confundem os sentimentos...

Lagrimas pela minha sina, lagrimas pelo poeta que partiu,

“sei que tudo é proibido”, mas no canto sozinho só choro,

Escrevo sentimentos e não palavras com olhos molhados,

Não quero reler e daria meu lugar para ele produzir e viver...

Escrevo linhas bobas e sem correção minha historia com ele,

Queria partir em seu lugar ou com ele de mãos dadas e ir...

“não posso deixar de disser meu amigo que uma nova mudança”

A Mudança veio para mim e para o poeta cantor como raio,

Penso como devia ter sido o auge de sua vida e o meu auge,

Na queda ele se quebra e parte, na queda choro a sua partida...

Adeus amigo que nem sabia que era meu amigo tão querido

“O passado é uma roupa que não nos serve mais”, então...

Então sinto sua partida e com dores na alma e no corpo... Vou...

No escuro lamento a partida e vejo uma nova estrela acender

André Zanarella 30-04-2017

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes 26/10/1946 – 30/04/2017

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 04/05/2017
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