O Porto Fantasmagórico
Anotava a dança das águas. Pintava a luz da lua
em um quadro velho que, depois de preenchido,
de velho nada tinha.
Sentia o calor do sol na pele e percebia o sentido
da vida...]
Pensava o mundo em espelhos — imagens refletidas
de uma realidade ainda não vivida.
Os espelhos, às vezes, se quebravam.
Mas a esperança, ah a esperança!, utopia disfarçada,
exasperava em encontrar alguém que pudesse
restaurar a paz da realidade fantasma.
Louco? Não ainda. Conquistador dos mares e das terras
deste mundo!
Espelhando-se em águas salgadas — profundas — que
os barcos batem e levam as tristezas e alegrias no casco.
O homem é um ser estranho.
Fica esperando no porto a ajuda
dum estranho.
É uma lagarta em constante transformação.
Aranha fazedora de teias da solidão.
João de barro construtor de um pavilhão.
Viajante, buscando a tão sonhada — religião.