Noiva do Eclasiastes
Meu olhar é por ti
Ó bela senhora
Dos lábios doces, reluzentes
Capazes de hipnotizar
Até as mais puras das mentes
Desde os atos mais justos
Até os os mais corajosos
Todos são feitas pra ti
Ó consolo dos invejosos
Começaste por ser minha musa
Lentamente tornou-se colírio
Alimentei-te em minhas virtudes
As quais fulminastes, tirastes o brilho
Em meus olhos és como a lente
Nem precisa que eu te alimente
Tenho medo que te torne íris
Que quando ordene não mais retires
Ó minha companheira
Está comigo em cada ladeira
Tira-me e leva-me ao mais alto monte
E quando lá estamos não se cora, não se esconde
Ó moça tão atraente
Desde os séculos passados não ficas carente
Por que não me mostras teus outros amigos?
Sendo eles tão famosos e antigos?
Minha noiva amada, quando vamos nos casar?
Pois antes devo lhe confessar
Uma voz incomoda-me, diz:
"O quanto antes deves a deixar!"
Por que gritas tão alto, bem meu?
Por que me bates assim?
Antes das bodas já tiras teu véu
Não és tão bela, enfim!
Eis que a voz aumenta
Por que faz-se ciumenta
Não divide-me com suas amigas!?
Por que com as virtudes fazes intrigas?
Achei um velho escrito
Há muito ignorado
Foi por ti em mim retirado
Onde teu nome és muito citado
Logo no primeiro capítulo
Tida és por princesa do mundo
Onde tudo és tu
Não cale-me, ainda resta-me um segundo
E antes de se consumar
Pergunto-te, não posso mais segurar
Por que ameaça-me com medos?
Por que não conta-me seus segredos?
Por que não deixa-me pensar?
Aproximo-me com certa melancolia
Retiro teu véu, vejo: não via
És tu, princesa maldita
Que parasitas as almas dos fracos
Casada com o príncipe Príncipe da Terra
Se venceu tantas batalhas, saiba: perderá a Guerra
Eis que vem do mais alto céu
As vozes que tiram seu véu
Ó Dona Vaidade, por fora parece justa
Mas por dentro és uma besta robusta
De tanto usurpar minha alma
Preciso, combato com calma
Mas eis que não estou sozinho
Meu novo amigo é também caminho
Em uma estrada estreita
Sei que está às espreitas
Mas a porta outrora aberta se fechou
O Rei dos Reis chegou
Ó vaidade das vaidades
Noiva do Eclesiastes
Desposo-me do seu oposto
Por fora até da desgosto
Mas ela é a expressão do amor
Sendo servo faz-me senhor
Vaidade das Vaidades
Retira-te daqui
Pois desposo-me da mais sincera das noivas
A Bela Senhora Verdade.