CASULO

Muda,

sem direção, incerta,

perdida

na inspiração.

Desajustada na vida

claudicante

ante a injustiça

que multiplica

e se anuncia

poderosa

dominadora,

opressora de

milhões, bilhões

de aturdidos.

E corações sofridos

partidos, destroçados

e ela, outrora molhada,

hoje esparramada

na terra seca

na tarde árida

como sua mente

quente de dores

plena de ardores

presa aos grilhões

da tela vazia.

Surda

Inexistente poesia

sequer pariu um dia

nem mesmo uma linha

nem que fosse

manchada

interrompida.

Cega

o espinho na carne enverga

a coluna antes ereta

agora curvada, renegada

buscando a vida pregressa

cruzando a estrada deserta

a tarde quente de um verão intenso

a face imóvel a olhar o denso

e caudaloso rio por onde correm

os mansos, e onde se afogam

os iníquos.

@Cristina Lebre - 09.04.17

Cristina Lebre
Enviado por Cristina Lebre em 21/04/2017
Código do texto: T5977471
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