Quando choram os anjos
Aparecida Linhares
Serahnil
Ao cheiro
da terra molhada
agradece as narinas.
Aconchega-se na boca
o gosto fresco da fruta,
recém lavada
pelo lacrimante choro,
tem o sabor das manhãs.
Desabrochou meu riso
ver a fanfarra dos pássaros
de flor em flor.
Límpido está o céu,
uma chuva outonal
passou depressa,
deixando no seu rastro
gotículas incontáveis:
nas pétalas,
nas folhas,
na alma.
Translúcidas gotejam
sem pressa,
sem pressa,
sem nenhuma pressa...
Caem lágrimas dos anjos.