Por um vestígio de luz no meu porão

Queria calar esta tormenta dentro de mim.

Não há luz nesse porão que habito.

Tomaram a casa e incendiaram seus traços.

Sobrou esta roupa, este retrato e este espaço.

O mundo é um abismo amedrontador.

Fui estraçalhado por sua imensidão.

Estou em carne viva, escondo-me da claridade,

Desta luz reveladora, expondo o que é interno,

O que é nosso e impossível de ser compartilhado.

Escondo-me do susto; o ser me suspende, me sacia.

Para onde ir? Onde me esconder? Onde viver?

Este porão tomou o conforto da minha casa

É um espaço provisório de quietude e silêncio.

Para onde ir? Onde me esconder? Onde viver?

O silêncio eterno é pouco para mim.

Revisto-me da vida e me desnudo da convenção.

Se possível, da fala, da verbalização.

Quero ser canal de purificação

Purificar-me deste lamaçal de agonias que se tornou viver.

Fui criado para ser, abundantemente, sem restrições;

Estar na contiguidade das sensações, do que é próprio...

O que é próprio? O que é viver?

Enquanto não sei, respondo:

SER!

Ser feliz.

Ser em devir.

Ser liberdade.

Ser saciado.

Ser como qualquer outro com suas diferenças.

Deivity Cabral
Enviado por Deivity Cabral em 23/03/2017
Código do texto: T5950027
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