APOLO E DAFNE: O mito do amor não correspondido

O belo deus Apolo (Febo) foi

A Delfos para exterminar um monstro

Horrendo; o terror

Dos habitantes daquela cidade:

Píton, a grande serpente que a todos

Suscitava horror

Após ter subjugado a Serpente,

Orgulhoso, desdenha de Cupido

…E põe-se a ralhar:

— Pequeno atrevido, arco e flecha

São armas feitas para gente grande,

...E segue a falar:

“Contenta-te co’o teu archote”, tolo

E não te intrometas co’essas armas!

Cupido, replicando:

— As tuas flechas podem atingir,

Talvez, as outras coisas, mas a minha

Há de ferir-te tanto! …”

Às sombras de Parnaso, foi Cupido

Buscar as flechas d’ouro e de chumbo,

Causadoras do amor

Ou de sua repulsa, quando usadas…

E com malícia, Cupido flechou

Com a flecha do amor

(A flecha afiada…, a de ouro),

O coração de Apolo. Sem demora,

Despertou-lhe o amor…

Dafne fora flechada por Cupido,

Com a flecha rombuda (a de chumbo),

Da repulsa do amor.

E de horror a donzela foi tomada,

Nutrindo uma grande aversão

À ideia de amar…

Não obstante, Apolo procurou

Por muito tempo conquistar a ninfa…

Pra ela o amar…

Seus olhos eram tão brilhantes quanto

As estrelas! Os seus cabelos soltos

E, nos ombros, caídos,

Encantavam-no! Tudo o admirava:

As suas mãos, o corpo da donzela,

Com os ombros despidos…

“O que não fora visto em seu corpo,

Imaginava existir mais beleza”,

Então, a perseguiu,

“Como um lobo persegue um cordeiro

Ou como um cão persegue uma lebre…

A donzela fugiu…

E célere “voou” o deus Apolo,

Atrás de Dafne. ‘Inda suplicou:

— “Não sou um inimigo!”

Sou o deus da canção, da profecia;

“Senhor de Delfos… Fica”, ó donzela!

“Por amor, te persigo!”

A filha de Peneu, sem dar ouvidos

Ao que dizia o deus, e pressentindo

O perigo, fugiu.

Entretanto, o deus, rapidamente

Alcançou a donzela delicada,

Que quase sucumbiu!

O vigor da donzela diminui;

Sem resistência, invoca ao pai:

— “Socorre-me, Peneu!”

Abre a terra, meu pai, e permita-lhe

Que me envolva, ou muda a minha

Natureza, Peneu!

E tendo proferido tais palavras,

Enrijeceu-se o corpo inteiro;

O aspecto mudou:

O peito foi envolto numa casca,

Os braços eram galhos e o rosto

Também se transformou…!

Os seus cabelos eram como folhas,

E os pés, em raízes transformaram-se.

Dafne havia mudado,

E restava-lhe apenas a beleza.

Num loureiro, a ninfa se tornara.

Apolo, assombrado,

“Tocou o caule e sentiu a carne

Que tremia sob a casca”. Em seguida,

Os galhos, abraçou,

E beijou, copioso, a madeira.

“De seu lábios, os ramos recuaram”,

E Apolo chorou!

Mas, concedeu ao loureiro eterna

Juventude; pra sempre a verdura…

Os louros serviriam

Para adornar a coroa do deus,

E às vestes romanas —dos heróis—,

Estes se prenderiam.

quartzo rosa
Enviado por quartzo rosa em 23/03/2017
Reeditado em 19/04/2017
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