POEMA DAS ÁGUAs

POEMAS DAS ÁGUAS

Dádiva aos homens, beleza e refrigério para almas aflitas, vide um oásis em deserto causticante. A tua beleza nem sempre é plácida, vez por outra demonstras ser arredia, ultrapassas teus portões imaginários, das areias, para mostrar a tua força. Neste momento de reflexão pelo medo, acatamos repensar sobre buscar o equilíbrio. Mas, assim que retornas ao teu lugar, as insanidades que não conseguistes lavar retoma o comando. Em troca de te entregar por inteira, te maculamos em teu âmago. Resignada com tal arbitrariedade, continuas circulando por lugares pré-definidos há tempos. Carregas em teu corpo as marcas da brutalidade e da insensatez humana, traduzida na escória das atividades industriais assassinas do Homo-sapiens-sapiens(demens). Não faltam alertas da tua parte, mudas de cor, as vezes espumas, não de cólera (?). Nossa insensibilidade assume posição mais drástica ainda, impedindo os teus caminhos, te assoreando, manchando, acidificando, surgindo a fala que é tarde demais, tornando-te imprestável. Assim, surgem os tenebrosos efeitos que desalentam os homens, que aventam soluções mirabolantes, mas sem amor, não chegam a qualquer conclusão. Vasculham o espaço tentando reencontrar-te em condições totalmente inóspitas. Filosofam os homens, inventam mais processos químicos, que apenas atenuam teu sofrimento e posterior morte. Porém, daqui a algumas centenas de anos, provavelmente tu voltarás, sadia, embora para a tua surpresa estarás só, sem ninguém para que sacie a sede ou que como de costume coloquem em ti as marcas de um passado que agora é longínquo.

Talvez tudo possa ocorrer novamente, de animais com fenótipos totalmente diferente dos primatas, possam ressurgir das cinzas como Fênix e o perigo recomeçar, onde ao descerem das árvores já se note apenas o polegar opositor.