FLANELINHA

No centro, ambulante de uma cultura

Para alguns vazia,

Um artista faz sua vida...

Manobrista das missões impossíveis

Um equilibrista das horas improváveis

Em meio a uma expressa avenida

De relógios apressados

Ele segue em uma jornada diária

Fazendo graça pra quem não quer rir

Malabarista de pratos vazios

Ele grita em silêncio

E ninguém se importa

Sustentado pelas moedas do desprezo

Ele passa flanela

Fitando o mal humor de muitos,

Observando a gratidão de poucos...

Feliz?

Feliz por ser livre

Fotografando cada pôr-do-sol

Como se fosse o último

E celebra cada vez que ele nasce

Como se fosse o primeiro

E vai por aí dançando a invisível melodia

De tempos modernos

Da desigualdade social.

Do pressuposto bem-estar social

Sua recompensa por todo esse ato teatral

É a alegria

De simplesmente estar vivo

Mesmo que seja em meio à avenida

Pois segundo o próprio

A avenida é tudo que ele precisa

E assim segue sua sina

Em limpar os para-brisas

Para desembaraçar a vista

De quem perdeu o caminho da paz.

Chin
Enviado por Chin em 21/03/2017
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