Gauche

Trovões, relâmpagos, céu cinza e tempo ruim

e vento amargo com gosto de fim do mundo nas quinas de seu próprio desespero,

todo o resto ao sabor da sorte do impulso interno incontrolável,

e a cor da vida é posta em suspeição.

Morte! Mortes... Dor! Dor...

Crava o aço a carne corta e a espada crave a dor que é enorme,

graves em alto e bom som ecoam no absurdo abismo da não consciência,

no eco dos egos superestimados e no absurdo do silêncio pré-explosão.

A morte como desculpa da vida para seu descontentamento diário

é mote da intenção que fere a cor do dia

e separa dos braços os abraços verdadeiros.

Sem sorte a vida é rasa e melhor seria a morte do que os sorrisos pela metade.

No embate derradeiro da vida toda é a morte quem grita alto,

enquanto a vida sussurra ao pé dos teus ouvidos:

- Vai e muda tudo com pressa, apressa-te e muda o mundo,

ao preço do pouco dinheiro que ainda lhe resta nas quinas dos bolsos.

Um dia desses tudo muda do nada,

inclusive você será virado dos pés a cabeça.

E até o mundo se vestirá do lado contrário de suas expectativas.

Nesse dia, ser gauche não bastará.

JWPapa
Enviado por JWPapa em 18/03/2017
Reeditado em 31/03/2018
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