Depressão Poética XXV

Imperceptíveis

Costuro-me nas horas amargas do dia
Nas crisálidas recolhidas, nos casulos da noite
Frio do Inverno, gemido na radio, último poema
Virtude pecaminosa [Chove lá fora nos teus seios]
A tela que pinto, cores cinza do meu sentir… e a rima?

Letras que abandono de um ontem um amanhã, Outono
Justas, letras soltas de uma areia espalhada na estrada
Ideia escrita, pinceladas numa qualquer tela ao abandono
Escritas numa qualquer enciclopédia de si encurtada!

São imperceptíveis a frases e o sentir que decido
Já não há ocasos que me fundam a luz da alma
Os pássaros que se aperaltam no ninho apodrecido
Brisa que agita as canas, ligeiramente com calma!

Morrem todos os Amores e todos os desejos nos peitos...
Deles não restam flores, apenas espinhos no jardim...
Os desejos? Nem beijos, apenas os choros são eleitos,
Nas escadas da vida, só descendo chegarás ao fim...

Imperceptíveis foram as mãos que te fizeram sorrir...
As longas agulhas que habilmente os dias tecem...
A sorte do encontro na figura mulher que há-de vir,
Sonho perfeito dos homens que em ti adormecem...
Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 16/03/2017
Código do texto: T5942595
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