Às Moscas (um poema à Belhell do lixo)
Detritos
Nos destritos
Refluxos
Nos fluxos
Refugos
Nos subúrbios
Entulhos
Sem embrulhos
Embrulhos
Nos estômagos
Estrondos
Em miomas
Hematomas
E sintomas
De doença,
De doença!
De discrença
De impotência
Indiferença
E de fragrâncias
intragáveis
Infestando
Pelos ares
Malabares
De sujeira
Lisonjeira
Para as pestes
Alicerces
De achaques
Almanaques
Às manchetes
E malditos
Os moleques
Que manejam
O município
Que a princípio
Boa imagem
Manifestam
Nas campanhas
Merchandising
Desonesto
Nos amarram e nos ferram
Como aranhas
Nas suas presas
Indefesas
E riquezas
Sem surpresas
Acumulam
Bem aos montes
Simbiontes
Com a sujeira
Tornam esta
Sua parceira
E que parceira!
Trapaceira
Traiçoeira
Traz somente
Enfermidade
Inequidade
E infértil
É a cidade
Muito tosca
Guarnecida
Com as moscas
Igualzinha
Aos gabinetes
Que nem mil
Inseticidas
Mataria
Est'abandono
Dos "corteses"
Que governam
E governam?
Só se for
Aos urubus
Às feridas
Chei'de pus
Aos vermes
E aos muçús
Aos céus
Não mais azuis
Aos túneis
Sem a tal luz
Ao ceifeiro
Com sua foice
Sua magreza
E seu capuz
Às vigílias
Dos exús
Ao exalar
De pitiús
Às cachoerias
de chorume
Igualáveis a Iguaçú
Nos tornam,
como de costume,
Tanto eu
quanto tu
Meras moscas
numa rede
Em oferenda
a Beelzebub...
Thadeu Melo Fidélis
(06/03/2017)