"Senzafine"
Fui embora da cidade.
as luzes cegavam,
a penumbra assustava.
Deixei a cidade grande,
tentando não cometer o pecado
de olhar para trás.
Erguiam-se do chão novas
Sodoma e Gomorra.
Éramos felizes de modo tal
que nos era difícil esquecer
dos vícios, dos novos amigos,
dos olhos que negavam as
palavras sombrias,
do espelho d´água.
Deixei a grande cidade das
alegrias, eu mesmo ficava
para trás.
Deixei a cidade sem fim.
Desenhei vales, montanhas, florestas
em meus braços. Fracos estavam os sonhos
e nem sei ao certo precisar
quando foi que perdemos
nosso senso de irrealidade.
Perdoe-me pelo que é selvagem,
e frio. Ontem vi velhos conhecidos
em igrejas, eles tinham mais cores
do que antigamente. Perdoe-me por um momento.
Perdoe-me por um momento,
preciso correr. Guardarei bem suas mãos
vermelhas, e o sorriso cinza, mas preciso correr,
e te abraçar depois que acabarem esses
anos jovens.
A cidade me deixou.
Fechei os olhos quando
começaram os clarões.
Não mais olhei as horas,
e o caminho estava puro novamente,
puro e vermelho.
um destino que se aproxima
na espiral da tua indecisão.
Trocamos de vida, pelas ruas
inóspitas, e tantas vezes nos jogamos
no paraíso perdido que
nos perdemos.
E nessa felicidade, nada mais importava.
Perdoe-me por um momento,
preciso desvanecer.
Um dia chegaremos lá.
Deixei a cidade que éramos, sem fim.
(Hans Cristian Koch.
Francisco Beltrão-PR. 21/11/2016)