A noite cai

E quando arrudiado de outrem

Mas em si sozinho

Perto de tantos

E longe nem tanto assim

Um crepúsculo se faz

Em amiúde relações

De instantes fotocopiados

Veemente declarações

Fermentadas e descompensadas

Sobre tantas ilusões

A noite cai

E na TV não vejo

Meu rosto ao averso

Desaverso dos versos

Versados em aseverar

Que um dia poder ser

Uma eternidade em pausa

O sustenido em Sol

Como quê desafinado

É como um palavrão

Em céu sem luar

Que empobrece a canção

Triste coração

De quem na rede

Na varanda não encontra emoção

A harmonia e a melodia

De um samba-jazz

Que à alma trás

O grito em silêncio

Mudo tom agudo

De uma frase em clave de fá

Tudo mais grave estar

Compassos de uma vida a marcar

A noite cai

E mais uma vez

Destorce a imagem no espelho

De nada serve teu conselho

Se tuas falas não condiz

Com aquela cicatriz

Que me custou esquecer

Não é você

Sempre a culpada

E sim sou eu

Noite de um céu

De opacas estrelas

Anunciando que lá dentro

Está tudo um breu

Henrique Sacramento

Henrique Sacramento
Enviado por Henrique Sacramento em 20/02/2017
Reeditado em 11/07/2022
Código do texto: T5918288
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.