Arte

Pragmática criatura

mui atenta à sintonia,

tudo faz na sincronia,

dita o ânima motor.

– O véu que cobre a escultura

é o cárcere da magia,

tão etéreo e enganador...

A lágrima, se é pura,

pode ser de alegria,

pode ser pura e fria,

e pode ser de pesar.

– A pauta que jaz na partitura

é o fio d’harmonia

dos pássaros do cantar...

A vida, quando é dura,

é quase caricatura,

imerge na fantasia,

adormece no sonhar.

– A tela que guarda a pintura

é o evolar da poesia

que não se pode guardar...

Se muita é a brandura,

é o viver assaz vazio,

a vida é quase fastio,

modorrento é o vogar.

– A pena que tece a candura

é a vela que voga o rio

que leva a poesia pro mar...

A arte é o salão do desfastio

do viver entorpecente e frio

que o cárcere da insânia cria

obstando o verdadeiro navegar.

Singular espiral da loucura

onde cingidos ao gozo da poesia

bailam criador e criatura...

– A arte é o derradeiro gargalhar!

Outono de 2016

Aleki Zalex
Enviado por Aleki Zalex em 05/01/2017
Código do texto: T5872554
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