UM NOVO HOMEM

O pé de amor que o entreguei

ele meteu no paneiro

e levou para a roça.

Jogou à sombra da sapopema,

casa do Curupira.

O pé de amor que vingou,

viçoso e bonito,

desaprendeu a amar o homem,

ser desumano por natureza!

Amava a floresta e seus mistérios,

suas lendas, parlendas e encantamentos.

O homem, de amor, passou a ter fome

ficou tísico e começou a definhar,

sofreu a dor contínua do desprezo.

Eu, Tupã, desacreditado do ser humano,

passei também a rejeitá-lo.

Certo dia, do pé já taludo,

brotou uma cunhatã formosa.

O homem, ao vê-la, sorriu

arreganhando-lhe os dentes de hiena

e cismou que era paixão.

Mas ela deu uma risada escandalosa

que acordou o Mapinguari da sesta,

e zangado, matou a fome

de um só bocado com aquele homem!

Mas estava tão magro e insosso

que Mapinguari o vomitou.

Curupira o enganou

e o fio de homem se perdeu na mata,

encantado, desapareceu do mundo.

Cunhatã feliz foi beber cachaça

na choça do curumim verde...

Dessa bebedeira, nasceu outro curumim.

Mas este tinha todas as cores

e um coração sublime.

Dele descenderá

um novo Homem

que terá fome,

mas que só de Amor será!

E a seu próximo amará

Como eu, Tupã, amarei

esta nova Humanidade,

que cumprirá com dignidade

a filosofia humana

neste novo Mundo!