O vento, o mar e a cidade
Aquele vento de uma tarde de agosto
sussurrava em meus ouvidos de relance,
enquanto encontravam de frente a minha cara.
Eu, lá dentro deste molho escaldante e de cor púrpura,
a que chamamos consciência,
sabia o que me dizia,
mas não queria, e deixava passar...
A cidade de cor cinza, como o céu e um certo mar
quebrava por fora das janelas do carro
e anunciavam incansavelmente o que viria.
Eu não sabia cá por cima,
mas lá embaixo, suprimido por uma vontade morta,
um querer sem saber,
um querer gostar,
um não saber nem conhecer - mas querer gostar -,
não me deixava assimilar o que queria aquela tão vivaz monotonia
Aquela brisa, aquela vista posta sob o céu chuvoso,
aquele mar tão denso e raivoso,
já me eram nostálgicas antes mesmo de virem a ser
E foi nisto que perdi-me!
Não encontrei o que pareciam anunciar,
mas apenas o realmente anunciavam:
a necessária e mórbida introspecção.