Quando é Réu

as praças ainda enchem pela esbórnia

eu e meus amigos acendemos velas

nos baixos dos viadutos

nenhum zodíaco imita os animais do espírito

que sangram a vergonha das calçadas

há uma predileção pelas margaridas e pelas orquídeas

aonde a rosa vermelha que entregávamos nas esquinas

quando ser jovem abria os limites?

qual a verdadeira face da justiça quando é réu o chefe?

cafajestes deixam acesas bitucas dos cigarros

que reduzem a pó um pouco mais que a esperança

a única preferência é pela caminhada louca e solitária

sargentos enchem as panças com degeneração e desprezo

e uma longa fila aguarda sopa e um pão moído de sonhos

porque as cartas ficaram à mostra tamanha a fome das traças

depois que pergaminhos e imagens despareceram

pisadas pela inútil religião dos agiotas

quando a voz que fica é a da confissão que enterra

embaixo das pedras alienígenas

o que da audácia resta