AUSÊNCIAS CARAS

Colho ausências caras,

Rostos impalpáveis,

Mãos abstratas, amenas,

Tolhidas em horas

Insuspeitas, de horas

Pousadas em horizontes,

Contempladas por olhos

De dores inconsoláveis.

Meu poder é limitado,

As minhas mãos frágeis,

Não alçam as muralhas

Interpostas perante

Os olhos, perante tudo

Que dava cor, sentido

À primavera sem volta.

A sensação de debilidade

Antes os arcanos cerceantes

Da existência é tamanha

Que se restringe ao mais

Profundo do ser, na busca

Incessante do que já foi,

Mas poderia ter sido...

Ah, ausências! Nada

Preenche, suficientemente,

O colorido deixado,

Aspergido, em forma

De amor, em forma

De ternura que ainda

Perfuma o lugar vago.

Colho ausências

Na solitude, no salão

Em que a saudade

Dança a sua valsa,

Numa melodia ímpar

De pura evocação,

De beleza eterna.

A Lima
Enviado por A Lima em 25/11/2016
Reeditado em 25/11/2016
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