Ai, meu tempo

Ai, meu tempo,

que entendo ser assim,

divagante, diferente,

comovente. Cai em mim

e se machuca.

Machucou-me.

Ai, meu tempo!

Enquanto tento

caminhar para a jornada,

essa estrada se acomprida

e não me cabe uma saída

digna, própria.

Estou exausto.

Exausto. E sou

ridículo, no cansaço

de um passo que não dou,

que não caminho.

“Ai, meu tempo!”

Pobrezinho, machucou-se.

É o momento reparar

cabelos brancos,

de esperar sentado

em bancos

o movimento desse ente

presente, indiferente

aos meus desejos.

E ele vem, me dá um beijo,

e sem graça, uma tal graça

que repasse algum alento,

faz de conta – mal atento –

que não viu,

e me derruba

em uma cova.

Em mim mesmo

eu tropeçando,

em um caminho que assisto,

sequer ando.

Mas quando tento

– que momento!

Ah, meu tempo...

Julião Morsa
Enviado por Julião Morsa em 24/11/2016
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