Ai, meu tempo
Ai, meu tempo,
que entendo ser assim,
divagante, diferente,
comovente. Cai em mim
e se machuca.
Machucou-me.
Ai, meu tempo!
Enquanto tento
caminhar para a jornada,
essa estrada se acomprida
e não me cabe uma saída
digna, própria.
Estou exausto.
Exausto. E sou
ridículo, no cansaço
de um passo que não dou,
que não caminho.
“Ai, meu tempo!”
Pobrezinho, machucou-se.
É o momento reparar
cabelos brancos,
de esperar sentado
em bancos
o movimento desse ente
presente, indiferente
aos meus desejos.
E ele vem, me dá um beijo,
e sem graça, uma tal graça
que repasse algum alento,
faz de conta – mal atento –
que não viu,
e me derruba
em uma cova.
Em mim mesmo
eu tropeçando,
em um caminho que assisto,
sequer ando.
Mas quando tento
– que momento!
Ah, meu tempo...