O Mágico
Ele era mágico.
Brincava de inventar sorrisos, porém não percebia
O meu riso discreto de criança encantada que sem querer o acompanharia.
Não conseguia ver!
Por que não via?
Já me havia levado aos palcos e se mostrado duende, bruxo ...
Ele era mágico...
Será que não sabia???
Já sei:
Ele não conhecia sua magia
Porque este saber só era permitido a quem o via,
E ele era mágico e em nenhum lugar refletia!
Brincava de dançar nos olhos e depois fugia
Deixando a silhueta colorida a marcar sua volta.
Sequer dava tempo aos espectadores para partir.
Amanhecia e ele dormia em meus olhos de criança,
E eu não precisava dizer que o veria novamente
Ao acordar, certamente me contaria histórias;
Ao acordar brilharia como os vaga-lumes sobre minha cabeça aturdida.
E se pensasse bem e quisesse, me faria ralar os joelhos quando brincássemos de fugir,
Quando corrêssemos pelos jardins e praças,
E nunca ficaríamos tristes... Eu nunca ficaria triste!
Mas ele era mágico e me excluía,
Porque dos meus sonhos nada sabia.
Da sua magia eu sabia
E ele era tão mágico, mas no meio da platéia não me via.