SOMENTE HOJE

Em banais circunstâncias, ciente do poder da alegria,

resoluto hoje gritaria, espantando as mazelas do dia.

Sublevado de um eito calado, sem luz, sem claridade,

airoso hoje sairia álacre, liberando incontida vontade.

Sobre pedras que ferem, como abrolhos das roseiras,

só hoje iria pé ante pé, evitando ariscas trincheiras.

Da gregoriana cidadela, ouve-se o canto dos salmos,

que hoje soariam belos, corando vis sonhos calmos.

Lesta nau levando versos, a ferro tatuados no corpo,

fausto hoje ataria as amarras, exangue nesse porto.

Hirto de dor sobre caixas, oferenda viva ante o cais,

mas hoje seria dádiva, extasiando serafins terreais.

As esperanças acesas ainda clamam, sem bloqueio,

porque hoje sararia chagas, abertas no peito alheio.

São gotas de felicidade, decifradas por mero gesto,

tenaz hoje buscaria o prazer, fugindo da dor, presto.

JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS
Enviado por JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS em 31/10/2016
Código do texto: T5808429
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