Tapetes por todo o chão
então um dia ela acordou
e faltava-lhe a consciência.
sentiu certo alívio.
felicidade é um clube fechado.
sentiu um tanto de delírio,
não há mais cheiro de roupa recém lavada.
tapetes por todo o chão.
reticências intermitentes como chá da tarde
entre duas senhoras.
então um dia ela acordou
e estava despida da doçura.
acreditou não saber o que fazer
com a imensidão da vida.
cartões postais no imaginário de uma
manhã.
amanhã é muito longe,
inalcançável a olho nu.
ter medo é uma tradição.
há tempos não ligava para casa.
os dias são fechados,
a vida é cíclica.
pareceu que alguém chamava,
mas era apenas o vento batendo na porta de entrada.
o olhar buscava algo nas paredes do quarto.
a casa toda com pintura nova,
os quadros ainda no chão.
sentiu a memória queimar e desvanecer
enquanto o peito ardia.
(Hans Cristian Koch.
Francisco Beltrão. 07/07/2012).