Acordar no velho mundo

Sozinho, no quarto imenso, neste sábado de nuvens secas:

Contemplo, pasmo, o meu rosto no espelho... ainda jovem.

Um dia ele será passado: existirá ainda na memória (talvez?)

E nas fotografias que eu odeio tirar.

E estarei velho e não terei aprendido nada.

Saberei que morrer é como contar o tempo,

É algo que fazemos, mas que não tem nenhum sentido.

Penso em encontrar ainda a velha casa em que cresci;

O avô com a certeza de Deus; o pai com a luta no sangue.

E eu, eu mesmo, tão vil, tão indigno: escravo de ideias que não são minhas.

Escrevendo linhas pobres por medo de sentir.

Ah! Porque não deixar que o universo passe sem saber de nós?