O Eu Ocasional

Luciana Carrero

Meu poema é sempre um lampejo

Relâmpago de algum estranho sentido

De alguém que é um mistério desconhecido

Às vezes o mistério sou eu

E ninguém pode adivinhar quando

Minhas palavras não respeitam etimologia

E dizem do que são no momento oportuno

Da boca dos desgraçados nos quais me incluo

Quando me desincluo, ninguém pode saber

Por isso, a rigor, para o leitor, o meu poema sou eu

Quem enxerga mais fundo pode vislumbrar

Por trás dele um fantasma indecifrável

O louco do meu poema não sou sempre eu

Preste atenção: o insano pode ser quem o lê!