PALAVRA

PALAVRA

bebi de ti o líquido

último

das lembranças

sem contornos

que cabem

em qualquer copo

que embebedam

qualquer corpo

porque tua boca

era a minha palavra

no avesso

feito alastrante lavra

fogo escorrendo

confidências

sobre as ruas

da minha pele

eras

o instante de brasa

que nas cinzas do tempo

nada promete

e tudo queima

no reacender

silenciosamente

do desejo

despertando

apertando

despertando

apertando

goteja no lábio

a gota despida

no hálito da voz

aguando lua

na garganta

aguardando

a cambaleante

palavra que ainda é tua

Mírian Cerqueira Leite

Mileite
Enviado por Mileite em 16/09/2016
Código do texto: T5763202
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