Onde o cigarro é jogado

Podes fingir-te!

Mero viajante

A ouvir uma musica tocas

Cantarolando-te!

Pensando que ouve-me cantar

Pois ora, poderia!

Viajante

Mero viajante

Acompanha-me a andarilhar

Sou andarilha

Andarilho

E tu, postes a viajar?

Nem mesmo a bela dama

Convenceria-me a ficar

Não ficastes para a batida

Não surpreendes-me

Tua raça

Pare!

Eu sei o que pôs-me a duvidar

Uma garrafa se foi

Há tempos devias ir

Rabisco até sentir

Meu punho pedir por sair

Sair!

Deste corpo que desconta

A saudade

E o que me aflita

Escassa é a vontade de me despir

Do antissocial

Que é lhes deixar invadir

A alma deste ser

Que machuca as mãos

Por sentir o que chamam de solidão

Em um quarto sem janelas

Usufruo do silêncio

Interpretando a fundo

Meu queixo levantado

Acendo um cigarro

Lentamente

Não és TU o adjacente

E eu nem sei o que significa

Sou cigana

Chame-me a dançar

Na segunda linha

Se não puderes

Me acompanhar na garrafa de batida

Não serás TU

Quem conduzirá-me a rima

A voz me é familiar

Mas só a poesia

De um fio que o faltava na barba

Hoje és o amor da minha vida

Não o primeiro

Conforte-lhe

É cisma

Minha

De amar aquele

Que não apenas

Acompanhasse a dança

Gitana

Cigana

Mas que apagasse o cigarro

Quando meus olhos

Ardessem em chamas

Maiores do que quando

Lanças o fosforo

Por clamar

A infâmia

De dizer que posso ser próspero

Quando fosse embora

A insônia

Só queimas a tu!

No joelho

Nos braços

E nas pernas

Enquanto pensastes

Que não mais uma vez

Poderia acabastes

Com o céu e o inferno

Deste cigarro

Em um quarto

Quadrado

De tamanho inexato

Fujo de mim

Pela batida do meu cerebro

Pelo alcool

E pelo que me fizeste

Trocar o celeste

De um dia azul

Por desejar estar no oeste

NÃO SEI ONDE É O OESTE

Não!

Dama

Ó bela dama...

Poupe a um mestre

De dança cigana

Franzo-me a testa

Tende piedade de mim,

Ó dama

Clamo a ti

Despreze-me toda a ignorância

E conceda a mim

Teu poder de vingança

A todos que tiraram de mim

A arte da tolerância

Rendo-me a ti

E a tuas rendas brancas

A teus lábios

E enquanto fechas a mim

Tuas pernas

Não prometo a ti

Minhas belas cerdas

Do primeiro fio de cabelo

Às palavras certas

Estou em um quarto sem janelas

Com calor

Setembro, seis, me desespera

Três meses se aproximam

Desde que a atmosfera

Não me sustenta

E se eu acender mais um cigarro?

Viciada?

Imagina!

Não pagas-me os sinceros...

Falsetes!

Canto-lhe com esplendor

Mas me interessas

O cigarro

Estou farta

De teu encanto exausto

Raso

De quem vê um cigano

E acha o máximo

No meio de uma viagem

Não entenderás-me

Inexato é o pote

Onde o cigarro é jogado

Não o cigano

Jogo-lhe

Jogue-se só

E apenas

Quando puderes ensinar a um mago

Eu, por acaso

A viajar-te.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 06/09/2016
Código do texto: T5752486
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