ENTÃO, POR AGORA


D
as ondas remir
Qual seja o que em mim
Sendo outro, um devir,
Traz meu nome em si
Feito cicatriz.
Salvo por um triz
Do que enfim se quis
Fim, qual coisa em si.
Salvo engano, fiz
Muito, mas quem diz?
 
Falhas do que traz
Risco em tinta, errar
Por pouco ou por mais
Que texto, testar
Falsetes sem par
No que o canto faz.
Por reverberar
Grave se me apraz
Fica o que é falsear
Pelo que for paz.
 
Outro o amanhecer
Sobre tal desterro –
Praias de entreter
Entediados deuses
Desde o abismo, desde
Mundos reticentes.
Quanto desse ser
Esse que professo
Ser eu, sou, eu mesmo?
Sou quem não me sei.


Urge desde o rude
Cúmulo de insultos
Do tumulto espúrio
Múltiplo conluio –
Na turba confusa
Nos augúrios, mudos
Rumos nessa fúria
De cunho tão obtuso.
Fermentam seus sumos
Do mais podre fruto.
 
“Moro numa dor”
Diz o vate, ator
Do drama sem cor
Na noite a supor
Que é dor o que à torre
Lateja – oh, vigor!
Ousa em desamor
Seu querer, valor
Que o traduz maior
Que a certeza em flor.


 
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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 19/08/2016
Reeditado em 18/05/2017
Código do texto: T5732862
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