AGOSTO



Perdura a chama ambígua desse instante
A angústia em cada peito que ainda espera
Um vir a ser que além de estrelas cante,
Um dia após o fim do que é quimera
Ferida, é fato – e o corpo dessa fera
Impede ao passo o avanço sem promessa.
Perpassa o incêndio em fúria à mesma esfera
De sonho que se aborta a margem dessa
Iníqua trama em fios que o exposto não confessa.
 
Ultraje nessa terra de ninguém,
Escombros por abrigo após o fim do
Engano, a esmola que já não convém!
Despojos nesse dia que é bem-vindo
E espólio – há os que rastejam ( vão ganindo )
Após seus donos, há os que não têm pejo
E insanos, contra o senso apenas rindo.
Mas grave é a hora e caro um tal desejo
Do que é mais meu que a farsa, essa ordem de despejo.



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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 14/08/2016
Código do texto: T5728438
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