RELES MUSA
a Leda Rô
Eu te sirvo, ó musa.
Amo os teus cabelos
como se nunca mais fosse vê-los.
Como se nunca os tivesse visto.
Não sou nenhum príncipe
mas tu te alegraste dos meus trapos.
E estendeste o teu cetro aos meus ombros
consagrando-me teu.
Então fiquei antigo
e lutei com a serpente sozinho,
e dei braçadas na nau perdida.
A galé amaldiçoada
prisão dos bandalhos e dos amantes.
Só tu me visitavas.
Meus pais me deixaram,
Meus irmãos me vociferaram,
Os videntes me arrogaram pragas.
Mas eu toquei em teus trajes
e fiquei bom.
Mas eu beijei os teus pés
e entendi as profecias.
Eu te sirvo, ó musa.
Eu amo tua manifestação
e sou teu primogênito.
Coroa-me
para que calem!
Beija-me
para que eu cante!