RELES MUSA

a Leda Rô

Eu te sirvo, ó musa.

Amo os teus cabelos

como se nunca mais fosse vê-los.

Como se nunca os tivesse visto.

Não sou nenhum príncipe

mas tu te alegraste dos meus trapos.

E estendeste o teu cetro aos meus ombros

consagrando-me teu.

Então fiquei antigo

e lutei com a serpente sozinho,

e dei braçadas na nau perdida.

A galé amaldiçoada

prisão dos bandalhos e dos amantes.

Só tu me visitavas.

Meus pais me deixaram,

Meus irmãos me vociferaram,

Os videntes me arrogaram pragas.

Mas eu toquei em teus trajes

e fiquei bom.

Mas eu beijei os teus pés

e entendi as profecias.

Eu te sirvo, ó musa.

Eu amo tua manifestação

e sou teu primogênito.

Coroa-me

para que calem!

Beija-me

para que eu cante!

João Dinato
Enviado por João Dinato em 14/07/2016
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