Centilhões de Sentilhões

Luciana Carrero

longe de longe aqui

curtir raso eu nunca vi

rosto rosto rosto rosto

poema, poesia é este esquema

estou metáfora de tema louco

aqui não vivo racional

tudo é estranho no meu lugar

eu ando na linha de formigas

que se encontram e dão três beijos

e seguem as suas instruções apressadinhas

demorem alguns abraços para a comadre

e não se esqueçam de cumprimentar o frade!

Quantas coisas existem em pequenos universos

nos grãos de areia esmagados por rochas

Quantas pessoas anãs mordem forte com seus caninos

e quantas desdentadas mastigam sopas de pedras

Quantas mensagens estão em uma insanidade

e onde está a cidade daqueles que não nasceram

lá onde tudo é nada e nada é qualquer alma penada

Há um holocausto no mar

de jogar peixes contra a rocha

Bilionários inventam pontuações estranhas

para o dinheiro e os forbes nos enviam notícias

E nós só sabemos contar até salários mínimos

A vantagem que temos é para achincalhar com ódios os milionários

enquanto sofremos a irracionalidade dos nossos salários

Qual é o valor mais alto que eu posso entender?

Se eu nunca vi centilhões mas

eu mesmo sou um sentilhão

trocentos sentilhões de sentilhões de sentilhões

de amor para você

E oro a St. Away, São Perto, São Longe, St.Inside e St.Outside

Para nunca terminarem meus sentilhões

De amor para você!