POEIRA

olho a estrada ao longe

por entre campos e florestas

da minha janela

espreito o caminhar da carroça

num ritmo continuo

vai sumindo na poeira

que se faz

ao cavalgar do cavalo

ela se distancia

lenta

rítmica

seu cocheiro assovia

uma melodia de outrora

que fala de saudades

que fala de um amor que se foi

essa visão

me trás melancolia

saudades

de um tempo

onde da minha janela eu via

essa mesma carroça chegando

nela vinha o amor e a vida

cantando uma música alegre

com ramalhete de flores

hoje restam os abraços dados

o amor trocado

e saudade que se espalha

como a poeira que se faz

ao cavalgar à passar