FAZENDO A SUA ALEGRIA

A tristeza me bateu de modo honesto.

O que ela quer de mim é decisão.

Não dar corda para a tristeza é um gesto de liberdade.

Milhões de almas convertem a tristeza em costume

E se beiram felizes, alegres,

Acreditam ser a liberdade o espaço em que se cabe.

A tristeza me abateu de forma evidente

Desperimetrou as minhas aparências

Tomei novas formas

E, enfim, fiei a obviedade: nem toda novidade realiza!

A tristeza me assumiu feito cria

Passou por cima de tudo

Colocou-me contra tudo e ante todos

Prescreveu sentença

Definiu o meu passado.

A tristeza sucede um artigo

Gramaticalmente mal cabe nas frases

Desfaz expectativas

Atenua o medo da morte.

Fim de mim que hei de contrariar a tristeza

Impondo-a o desabraço meu.

Um cesto de frutos pendula no pulso daquela menina

Não me parece ser aquele balanço apenas a fria opção do tempo

Certamente haverá naquela menina...

Não, a tristeza não tolera distrações.

Parece barreira de vidro a nos enternecer a visão que fazemos do lado obscuro da lua,

Parece sempre uma festa inacabada e que jamais irá retornar,

Embora ela, a tristeza, insista em nos enviar convites.

Quem gosta de ler devaneios da tristeza alheia?

Pois, inclusive a tristeza alheia, também é uma forma de má companhia.

Quem deseja o triste

Um texto deprimente

Ou mesmo

Qualquer desesperança no fim desse túnel todo?

Abrimos o sol é para espalhar alegria!

- ainda que a alegria deste mundo inteiro seja a tristeza cravada nas costas do outro.

Faz um dia frio, parece que só anoitece.

O mar lambe as pedras e eu sofismo apenas por estar no interior, longe das praias, mesmo tão diante os trópicos,

O frio encosta-se, a sua sombra, em meu desânimo, e pretendo estar firme para não perder o último capítulo.

Equivale a uma geração inteira o desespero em que minha era se dá.

Velho, mas nem sempre.

Jovem demais para contar idades.

A tristeza faz com que se ande na roda

Onde gira a saudade da gente.

O labirinto de saída insidiosa

Corredor de espinhos, injeções de cicuta, cacos na planta dos pés,

Chega-se! – a saída é a mesma porta por onde se entrou.

Nem passos enésimos são capazes de contar a história de um caminho.

Cada trajeto é um chão que se firma no futuro

Mas a tristeza impede.

Descaminha.

Diz boa noite e nem se preocupa com o efeito das despedidas.

Pois ela fica. Ancora. Engessa, chumba, prega e finca.

Tristeza é arrasto de bagre,

Concha de navalha

Pistilos de mandacaru.

É um papo que se alonga

Por isso encerro a tristeza por aqui.

Adeus.

Pode agora, você, sorrir em paz.