CANTO PROFANO



Resta o canto contra as horas
Que mais pesam – penas
Douram solidões sem fim no aqui,
Breve indício disso –
Cara pluma atroz, resquício
Que se quis um brilho, a sua cara,
Que não dura, sequer cura,
Falas em salões do olvido
Contra hostis invernos.
 
Testa as mesmas notas
Contra ouvidos novos,
Menos exigentes – cúmplices, enfim
De seu ridículo
Tombo de cisne – pálido de sustos
Ou de talco ou pó-de-arroz – um busto ao fundo
Sonha em palco que comporte o medo
E é tudo farsa,
Dívida comparsa e tapinhas nas costas.
 
Presta as homenagens
Ao que já foi –
Quem bem se via assim,
Quem beija a flor sem mais
A pressa às mesmas cenas,
Quando apenas resta o canto
Que se quis profano.
O bico diz amor e dura um pio ou dois, não mais,
E a vida foi pequena.
 
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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 23/06/2016
Código do texto: T5675977
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