Blues

O gelo gela minha gélida calma.
O gelo refresca meu fogo ardente.
O gelo azuláceo satisfaz meu duende vermelho.
Quero comer da sua carne, beber do seu sangue, atrapalhar a quietude da sua alma.
Não quero e não vou lhe dar amenidades, tudo em mim, quando se trata de você, são obscenidades.
Sou herege por sua causa, por você venho perdendo minha salvação eterna e etérea.
Mas de que me adianta o céu com este inferno que é você queimando em mim?
Eu estou pedra de sol a sol, de lua a lua vivo nua de bondades estipuladas.
Sabe que é bom de doer a crueza do meu sentir desmedido e inconseqüente?
Eu sei que você sabe ser cruel, o que vem alimentando meu canibalismo exclusivista.
O ácido é você, que faz de mim uma dependente conivente com todas as espécimes.
O azul do seu fogo é o mesmo azul do seu gelo, vi claramente na fogueira em que você se consome.