Quando Jamais Será Passado
do outro lado da noite/
o castelo de cartas/
do rei dos fracassados/
do submundo/
voa sonhos janela afora/
até desbotar ao sereno da lua/
qual é o gosto da demora?/
quem é o mestre vagabundo? /
o que há no anel do falso demente?/
atrás da máscara vigia o que entende/
a ética é só estética/
no trem o fantasma/
domina estranhamente/
aos que não reagem/
porque o jogo fim não tem//
o rogo é alecrim/
na ceia dos agiotas/
idiotas sósias dos palhaços/
eletrônicos capachos das sombras//
nem um pouco tontas/
mergulhadas nas tintas/
das descomposturas lindas/
da queda do império aos impropérios//
quando jamais será passado/
quando só se quer o dia termine/
não importa quanto a esfinge/
o olhar incline //
devagar o crime/
ocupa o espaço do milagre/
aonde o galo canta metralha/
e o desprezo escangalha/
o poeta esmolando vocabulário de cabeça-de-bagre