A PRIMEIRA LUZ
Eu; eu a minha estranha melancolia,
Nas vias cinzentas da cidade,
Me fragmentando na filosofia,
Eu; caminhando, errando, divagando,
Nas questões que de vez em quando,
Rasgam a intimidade.
Essas ondas de mistérios,
Que balouçam o ser,
O crer, o não crer,
O palpável, o etéreo,
A liberdade sitiada,
O medo do tudo, do nada,
As águas sob as pontes,
O ponto vago do horizonte,
Que o olhar não alcança,
A dança dos porquês,
O passado, o presente, o futuro,
Os intransponíveis muros,
A linha tênue entre a razão e a lucidez,
O movimento das coisas, o movimento,
O limitado corpo, o ilimitado pensamento,
O verbalismo, o tempo, a rapidez,
O ter que fazer,
Que assumir responsabilidades,
A mentira, a verdade,
O amor, o desamor, a (in)fidelidade,
...
Questionamentos que fundem o tino,
E eu, me sinto como um desafinado violino,
O tempo não venta,
A melancolia aumenta,
Mas, a esperançosa alma, se sustenta,
Na primeira luz da aurora,
Sabe que necessita viver,
A eternidade do agora.
...
Ah! que saudade,
De outro eu, um eu menino,
Que jogava bola de gude, sonhava...
Que docemente, brincava com o destino.