Per una Ragazza

Luciana Carrero

Porque corpos dizem sim

a coisas que a alma não diz:

Não é verdade, meu bem

que gostas tanto de mim?

Nada importa a mais nenhum

Almas vão rolando em vão

Se uma fala do futuro

outra repisa o passado

Violino cisma ao telhado

e bumbo é cio de porão

De um lado soa a verdade

A mentira é da ilusão

Amarga será a saudade

do dia que foi tesão

Duas águas suas lágrimas

Mágoas são duas razões

Onde andam caminham águas

de rios que irão se embater

Mesmo que só pensamento

dizem algo a não rolar

É de frêmito o prazer

Jura amor p’loamor de Deus

Tempo é passar, não é leve

Noites vão... voltam nos dias

Nas tardes ensolaradas

queimanças de acasalar

Noite não é p’ra sonhar

Para amar... noite é p’ra amar

Rodem! Os enamorados

querem saias levantar

Querem despencar em beijos

os seus lábios mastigar

Quando ela chega... Ao amado,

um súbito pula assim:

Nada importa mais que o hímem

a porta arrombada enfim

Volúpia é expansão geométrica

Mil estrofes a paixão

Do verso ao coito, rap’riga

vai cadeira de dendém

andar na pedra e na flor

Despe a roupa e o coração

Despe tudo. Fica nude

Despe a alma a lhe encantar

Vem o vate do universo

invasivo a penetrar

Bardos partem à francesa

Deixam filho em seu lugar.