Os poetas e ninguém mais
É quem lançam na batalha o dardo
Que fere de morte o insensato general
São os poetas que sabem o jogo
Da vitória suave, mas seminal.
 
Os poetas serão sempre o grito
Dos 300 de Esparta...
Negando que vença o desespero
Trazido pela frota do inimigo
São os poetas que em seu exílio
Estão sempre comigo e contigo.
 
São os poetas que dão de ombros
Às frivolidades dos arautos da tolice
Os poetas renovam a mística doce
Da infância e da meninice.
 
Nenhum poeta, portanto, deve ser sério
Feito um sacerdote sem igreja
O poeta é somente o vagabundo das estrelas
A desbravar galáxias de beleza.

Que tanto pode ser o seio da mulher amada
Musa que se repete na mesma estrada
Ou uma saudade sem nome e sem nada...

Mas seja como for, o poeta é seu soldado
Nesta batalha a que nos convida livre do ódio
A lutar com as armas do espírito
Sem medalhas e sem pódio.

Os poetas e ninguém mais
Sofrem a dor de compreender demais
Os poetas e ninguém mais
Amam o amor desarmado
Que já não se ama mais.