Garota de Gelo.

Se tu não fosses tão fria eu confesso que te amaria e contigo me casaria...

Se tu não carregasses uma peixeira na cintura e não fosses tão desumana, a levaria pra cama, leria de novo o Manifesto Comunista e talvez até o seguiria...

Iria ao Pará tomar suas cervejas e declamar suas poesias...

Acolheria os gatos de rua, os acariciaria, tiraria com eles selfies mordendo minhas canelas e até compraria da ração mais cara na mercearia da dona Maria...

Se tu não fosses tão fria, guria, eu iria à pé até aí agora, nesta madrugada fria, e aos teus pés me ajoelharia...

Declamaria Maiakovski como se fosse o mais raro dos poetas, em praça pública, em voz alta, ou mesmo nas profundezas recônditas de sua alegoria...

Seria amigo de fé de seus amigos barbudos, vestiria camisetas do Che Guevara e proporia uma revolução na galeria do rock...

Mas tua frieza é tão sólida...

E tua soberba tão inóspita...

Que tudo isso não passa de insônia, devaneio ou mera utopia.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 19/02/2016
Código do texto: T5548369
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