DE TANTO AMAR
De tanto amar, o nobre poeta,
não percebe o que lhe cerca.
Tem na alma tal encanto,
que é sempre em acalanto
que sente as dores do mundo.
Mundo. Esse eterno vagabundo,
sem lar, lançado ao espaço profundo.
De tanto amar o poeta,
só não vê o que lhe cerca.
Se preocupa com todos,
mas de si não se preocupa.
Sente e chora pela desgraça alheia,
enquanto outros falam de amor,
o pobre poeta fala da dor.
Da falta de sangue nas veias.
De Tiranos corrompidos,
das promessas de bandidos.
Desse Mundo sem sentido,
pobre poeta, sempre será esquecido.
NELSON TAVARES