SORRISO DA NATUREZA

Numa tarde, olhando o horizonte

vi a natureza sofrida, resignada e calma,

que sorria para mim naquele instante

e tocava fundo min'halma.

A aparição de três aves no céu

me fez lembrar um rosto sorridente

sob o rubro manto do aparente véu

que formava no crepúsculo do poente.

Ao degustar tão sublime fenômeno

meditei sobre os mistérios do universo,

deste infinito globo que nos abriga

e que destruímos de um modo perverso:

mutilamos o planeta, extinguimos espécies,

poluímos o ar, contaminamos a Terra

e ainda assim, a natureza sorria para mim,

como se justificasse: errar qualquer um, erra.

O mundo é infinito, mas Deus é maior.

O homem é pequeno e tem inteligência menor,

pois procede com pouco saber

destruindo a fonte do viver,

provocando a morte enquanto busca a vida.

A natureza, vítima de tanta ignorância,

sofrida e tão agredida,

sorri para nós, talvez por vingança.

Ou o sorriso pode ser por gratidão

porque nós deixamos viver

três aves que até então

voam sobre a degradação

e nós, seres dotados de inteligência,

contudo desprovidos da competência

para reprimir tão desprezível ação.