FIM E RECOMEÇO
A cada ano que finda
Renovam-se as esperanças.
Morre um velho, vive um jovem,
Nasce uma nova criança.
Na dança das estações,
O clima castiga os povos
Eivados de vícios velhos,
Que contaminam os novos.
Meses, semanas, dias,
Se sucedem, velozmente.
Tresloucadas correrias
Dos que vivem cegamente.
Horas, minutos, segundos
Parecem evaporar,
Entre bandos furibundos,
Focados em comemorar.
Nos dias e horas finais,
Quanto de bom se deseja;
E o recomeço desfaz
O intuito, em cada cerveja.
Não chegou ainda, a vez,
De haver alguma mudança.
A humanidade só fez
Aumentar o caos e a matança.
Gaia, por certo, agirá,
Tentando reequilibrar;
Já que, entre nós, não há
Tantos que possam ajudar.
No entanto, grande esperança
Persiste, em meu triste jeito.
Peito arfando, reclamando;
Dando mostras de defeito,
Mas jamais desanimando
Com o mal que já está feito.
É preciso ir pensando
Em como fazer direito,
Para que vá se amansando
O ódio que há em cada peito;
E o sonhado mundo perfeito,
Em não muitas primaveras,
Possa estar se desenhando.
Sei que falo de quimeras,
Nesta oração, neste preito,
Mas vivo e morrerei sonhando.
Esse é meu triste jeito.