FIM E RECOMEÇO

A cada ano que finda

Renovam-se as esperanças.

Morre um velho, vive um jovem,

Nasce uma nova criança.

Na dança das estações,

O clima castiga os povos

Eivados de vícios velhos,

Que contaminam os novos.

Meses, semanas, dias,

Se sucedem, velozmente.

Tresloucadas correrias

Dos que vivem cegamente.

Horas, minutos, segundos

Parecem evaporar,

Entre bandos furibundos,

Focados em comemorar.

Nos dias e horas finais,

Quanto de bom se deseja;

E o recomeço desfaz

O intuito, em cada cerveja.

Não chegou ainda, a vez,

De haver alguma mudança.

A humanidade só fez

Aumentar o caos e a matança.

Gaia, por certo, agirá,

Tentando reequilibrar;

Já que, entre nós, não há

Tantos que possam ajudar.

No entanto, grande esperança

Persiste, em meu triste jeito.

Peito arfando, reclamando;

Dando mostras de defeito,

Mas jamais desanimando

Com o mal que já está feito.

É preciso ir pensando

Em como fazer direito,

Para que vá se amansando

O ódio que há em cada peito;

E o sonhado mundo perfeito,

Em não muitas primaveras,

Possa estar se desenhando.

Sei que falo de quimeras,

Nesta oração, neste preito,

Mas vivo e morrerei sonhando.

Esse é meu triste jeito.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 31/12/2015
Código do texto: T5496750
Classificação de conteúdo: seguro